Inicialmente habitado pelos
índios Puris, o Embaú se tornaria ponto de passagem obrigatório para os
aventureiros e preadores de índios, que seguiam também a rota da mineração, cruzando
a Serra da Mantiqueira no local chamado Garganta do Embaú para atingir a região
das minas. O cruzamento entre brancos e índios que teria iniciado por volta de
1560, segundo o poeta Pedro Gussen, foi se expandindo e, em 1781, foi iniciada
a construção de uma capela na área doada por João Ferreira da Encarnação.
Devido a sua importância estratégica, o Embaú é mencionado por vários autores
desde longa data como Capistrano de Abreu; inclusive por Antonil, referindo-se
ao caminho do ouro. A capela é inaugurada em 1787 e no dia 19 de fevereiro de
1846, é elevada à Freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Embaú,
pertencendo ao Município de Lorena. Tal fato ocorreu através da Lei n° 05,
sancionada pelo Presidente da Província de São Paulo, Manoel Fonseca Lima e
Silva.
Durante a fase aurífera, o Embaú tornou-se um centro escoadouro da Capitania de Minas Gerais, por onde transitavam tropas carregadas de mercadorias, ocorrendo à realização de feiras comerciais, de acordo com Joaquim de Paula Guimarães. O trajeto das mercadorias, depois de passar pelo Embaú, prossegiua por Guaratinguetá, Cunha, chegando a Paraty. Com o desenvolvimento econômico, o Embaú iria “galgar” mais um degrau na hierarquia administrativa. No dia 06 de março de 1871, com a Lei n° 08, o Governo Provincial, presidido por Antônio da Costa Pinto e Silva, é criado o Município de Nossa Senhora da Conceição do Cruzeiro, elevando o Embaú à condição de Vila, separando-o de Lorena. Após eleições realizadas em 07 de setembro de 1872, toma posse no dia 08 de janeiro de 1873, a primeira Câmara Municipal do Embaú. A posse é oficializada pelo Presidente da Câmara de Lorena, Antônio Rodrigues de Azevedo Pereira. A mudança do nome Embaú para Cruzeiro refere-se a um marco em forma de cruz colocado no alto da Serra da Mantiqueira no século XVIII para separar as capitanias de Minas e São Paulo, segundo a análise do Prof. Hilton Federici.
Com o advento da ferrovia, no
entanto, o Embaú passa por um período de estagnação econômica. As duas estradas
de ferro, a “Pedro II” e a “Minas and Rio”, são instaladas longe da sede da
Vila. No ponto de entroncamento, na estação inaugurada em 1884, surge um novo
aglomerado urbano. Alguns autores atribuem a esse desvio ferroviário como sendo
obra do Major da Guarda Nacional, Manoel de Freitas Novaes, político do Partido
Conservador, vereador no Embaú, que exerceu a presidência da Câmara, além de
ser o proprietário da Fazenda Boa Vista, próxima à referida estação. Há
controvérsias quanto sua interferência nos planos da ferrovia. O fato, porém, é
que o novo local, o “Povoado da Estação”, devido às condições econômicas
proporcionadas pela ferrovia, acaba suplantando o Embaú.
Em 1891, o Major Novaes
consegue do Presidente de São Paulo, a criação da Vila Novaes, dividindo a Vila
do Cruzeiro (Embaú) em dois municípios. O decreto que cria tal Vila é assinado
por Américo Brasiliense que, ao ser substituído por Cerqueira César, vê seus
últimos atos sendo anulados, entre os quais o da criação da Vila Novaes em
1892. A partir daí surgem rivalidades entre o Embaú e o Povoado da Estação,
devido à campanha mobilizada pelos partidários do Major Novaes para a transferência
da sede do Município. O Major falece em 1898 e até 1901, o Embaú foi a sede do
Município de Cruzeiro, quando é transferida para o local da atual cidade de Cruzeiro.
Por outro lado, o surgimento da ferrovia deslocou o fluxo econômico fora do Embaú,
suplantando o antigo centro urbano, como já mencionado.
Paralelamente, no ano de 1880,
o antigo Porto da Cachoeira, é elevado à condição de município, com o nome de
Vila de Santo Antônio da Bocaína, no dia 09 de março. No dia 02 de outubro de
1901, o Presidente do Estado de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves,
assina a Lei Estadual n° 789, transferindo a sede municipal do Embaú para o
Povoado da Estação. De 1901 a 1934, o Embaú foi Distrito de Cruzeiro e, em 1932,
toda a região “fervilhou” com Revolução Constitucionalista, sofrendo com
bombardeios das forças legalistas de Vargas. No Embaú, a Fazenda Godoy foi
ocupada por uma divisão da Força Pública, por estar localizada às margens da
então Rodovia Cachoeira-Cruzeiro e, pelo fato de somente nesta propriedade
possuir uma linha telefônica, ou seja, uma ocupação estrategicamente militar.
No governo de Armando de Sales Oliveira, em 1934, o Embaú é incorporado à Cachoeira Paulista, bem como o Embauzinho e o Quilombo, sendo considerados como bairros rurais; o Embaú por sua vez após algumas tentativas emancipacionistas é elevado à condição de subprefeitura no dia 06 de março de 2008, resgatando parte de seu prestígio, depois de 74 anos. Coube à edilidade cachoeirense outorgar ao Embaú parte do que lhe foi tirado, mesmo Cachoeira não possuindo vínculos históricos e políticos no passado com a célula-máter de Cruzeiro. Foram divergências políticas na virada do século XIX para o XX que culminaram com a rejeição do Embaú por Cruzeiro, cabendo, como já mencionado, a responsabilidade à Cachoeira Paulista. Para a população mais antiga e nonagenária do Embaú é um momento de nostalgia; para a geração atual e as futuras, uma chance de valorizar o “vovô” do Vale, conforme a expressão utilizada por Humberto Turner.
Eddy Carlos.
Dicas para consulta.
FEDERICI, Hilton. História de Cruzeiro. (Volume I). Das origens remotas até a instalação do Município (em 1873). Publicações da Academia Campinense de Letras. Campinas,1974.
______________. História de Cruzeiro. (Volume II). Da instalação do Município até a transferência da sua sede (1873-1901). Publicação da Academia Campinense de Letras. Campinas, 1978.
GUIMARÃES, Joaquim de Paula. Síntese da História de Cruzeiro. Edição da Prefeitura Municipal de Cruzeiro, 1951.
RAMOS, Agostinho. Cachoeira Paulista. 1780-1970. 2 volumes. IHGSP. São Paulo, 1971.
SOUZA VICENTE, Eddy Carlos. Embaú, contrastes entre o passado e a realidade do presente de um núcleo urbano. Trabalho de Graduação em História pela UNIVAP. São José dos Campos, 2002. Edição Mimeografada.
_________________________.
O Mandonismo Político. Atuação Política
do Major Novaes (1873-1898). Trabalho de Conclusão de Curso em História do
Brasil Republicano pela UNITAU. Taubaté, 2004. Edição mimeografada.
Parabéns Eddy !!!
ResponderExcluirAaah!!! Esse esqueleto de pau-a-pique é a casinha onde fui criada!
ResponderExcluirQue saudade!!!
Aaah!!!🥰 Esse esqueleto de pau-a-piqur é a casinha onde fui criada!
ResponderExcluirQue saudade!!!
Coloca mais fotos antigas assim do nosso bairro
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