FONTE: Acervo histórico documental do Recanto da Glória/Prof. Eddy Carlos.
Desde os tempos antigos, as diversas nações exercem, de acordo com sua época, métodos e costumes, a atividade educacional, onde se buscava, através do ensino e aprendizado transmitir aos seus povos e descendentes a sua cultura, história, crença, técnicas agrícolas, ou seja, o conhecimento como um todo. Em civilizações remotas, como a dos hindus, sumérios, egípcios, hititas, caldeus, hebreus e, principalmente chineses, a prática de ensinar era de responsabilidade dos homens sábios e de idade avançada, percebendo-se então, uma valorização e respeito para com os mais velhos. Para tais civilizações, especificamente as orientais, os cabelos brancos eram sinais de sabedoria que deveriam ser seguidos pelos jovens e pelas crianças. Na antiguidade clássica, os gregos, com suas cidades-estados, designavam escravos para levarem as crianças até as escolas primitivas, devendo permanecer por todo o período do aprendizado podendo até auxiliar o mestre em determinada atividade. Servindo assim, esse escravo, chamado de pedagogo, passou a ostentar certo status, principalmente porque a sociedade já elitizada é que dispunha de meios para garantir o ensino aos seus filhos. Com a apropriação e controle da estrutura do Estado, as elites, sejam elas econômicas, políticas, ou religiosas, acabam por excluir dessa mesma estrutura, incluindo o ensino, as classes subordinadas, dentre elas o campesinato e os demais marginalizados.
Durante
a Idade Média, com a consolidação do poder da Igreja na Europa feudal, o conhecimento
e a prática do ensino passaram a ser responsabilidade clerical. Com o controle
sobre o saber, tanto religioso como científico, a Igreja ampliou sua esfera de
influência sobre os reinos bárbaros que ocuparam vastas extensões territoriais
após a fragmentação do Império Romano do Ocidente. Quando das invasões e saques
dos bárbaros, inúmeras bibliotecas foram incendiadas e somente as dos mosteiros
foram preservadas, nas quais os monges copistas mantiveram a tradição da leitura
e escrita. Os mais eruditos produziam versos, crônicas de história, tratados
teológicos, sempre em
latim. Porém com o desenvolvimento e progresso da atividade
comercial entre os séculos XI e XII, a arte de ler e contar tornou-se
importante. Dessa forma, a burguesia passa a organizar as primeiras escolas
leigas, ainda que precisassem da autorização da Igreja para funcionar; com isso
almejava-se a manutenção da influência religiosa na sociedade. No entanto, o
avanço das idéias reformistas propagadas por Lutero e Calvino provocou a reação
da Igreja que, além de restaurar os tribunais do Santo Oficio e criar o Índex
Librorum Proibitorum (Índice dos Livros Proibidos), retomou as rédeas da
educação, entregando-a à Companhia de Jesus, organizada por Inácio de Loyola em
1534 e confirmada pelo Papa III em 1540. Mesmo perdendo terreno para os
protestantes, principalmente no Império Germânico (Alemanha) e Inglaterra, a
ação dos jesuítas, os soldados de Cristo, recuperou para a Igreja a Polônia, sul
da Holanda e parte da Renânia. Sob os auspícios do catolicismo foram criados
colégios destinados ao ensino primário para a conquista das novas gerações,
buscando atender também aos filhos dos camponeses, desprovidos de tal
oportunidade. Em outra frente de contenção dos reformistas, a Igreja decide
difundir a religião católica entre os povos pagãos, ou melhor, não cristãos,
missão entregue à Companhia de Jesus, que se espalha pelo globo para a conversão
de outras nações, através da catequese, atingindo a China, o Japão, a Índia, e principalmente
o continente americano, dividido e colonizado por Espanha e Portugal.
Apesar de outras ordens religiosas
terem vindo para a colônia lusitana do Ultramar, como os franciscanos,
dominicanos, capuchinhos, beneditinos e carmelitas, com o intuito de catequizar
os “povos selvagens”, foram os jesuítas que mais se destacaram na função.
Mantendo uma estrutura disciplinar e paramilitar, os jesuítas lançaram os dois
pilares da cultura do Brasil Colonial; o missionário, organizando a fundação de
aldeias religiosas, onde os índios eram submetidos à religião católica; e o
educacional, através da implantação de colégios, tal como ocorrera na Europa.
De acordo com a análise das historiadoras Ângela Viana Botelho e Liana Maria
Reis, os “colégios jesuítas, erguidos em vários pontos do Brasil, formavam
elementos para ingressar na carreira religiosa e tiveram papel de destaque no
ensino dos filhos dos colonos, ministrando-lhes os primeiros ensinamentos, ou
mesmo dando a educação necessária aos que não tinham condições de estudar na
Metrópole”. A educação jesuítica era composta de métodos rigorosos, garantindo
aos padres inacianos um enorme poder, ao passo em que monopolizavam o saber e a
instrução. Possuidores de vasta erudição, os jesuítas produziram obras de alta
relevância, destacando-se o dicionário da língua tupi. Por outro lado, a fundação
dos colégios foi fundamental para a ocupação das terras brasileiras, auxiliando
o projeto colonizador de Portugal. Um exemplo é a fundação do Colégio de São
Paulo em 25 de janeiro de 1554, o qual foi decisivo para a ocupação do Planalto
de Piratininga. Assim como as capelas, os colégios exerciam um papel
aglutinador do povoamento da colônia. Ainda
segundo Ângela Viana Botelho e Liana Maria Reis, a grade curricular de ensino
nos colégios jesuítas seguia o padrão europeu e compreendia “cinco a seis anos
de Gramática (com aulas de grego e latim), Retórica e Humanidades, e mais três
anos de Filosofia, abrangendo Lógica, Física, Metafísica, Moral e Matemática.
Posteriormente, houve a criação de escolas destinadas à formação de sacerdotes”.
Paralelamente, a Coroa que subvencionava parcialmente os colégios jesuítas,
preocupava-se simplesmente em instalar e manter cursos militares ou sanitários.
Entretanto,
na segunda metade do século XVIII, no reinado de Dom José I, os interesses dos
jesuítas entram em atrito com os da Coroa. Acusando de incentivar a insubmissão
dos silvícolas e de criar um Estado dentro do Estado, os padres da Companhia de
Jesus foram expulsos de Portugal e dos domínios ultramarinos no dia 16 de
setembro de 1759, por ordem expressa de Sebastião José de Carvalho e Melo, o
Marquês de Pombal, ministro de Dom José I. Com o confisco dos bens dos
inacianos, ocorreram o desmantelamento de toda uma estrutura de ensino, além da
uniformidade de ação pedagógica e uma transição de um nível escolar para outro.
As autoridades coloniais delegam, então às ordens dos carmelitas, franciscanos
e beneditinos, a responsabilidade do ensino; mesmo com a criação de novas
escolas o objetivo não foi alcançado. Sendo assim, em 1772, o Estado assume os
encargos da educação na Colônia. Para fazer frente às novas despesas, a Coroa
instituiu, através de uma lei de 10 de novembro de 1772, um imposto que incidia
sobre cada rês abatida para o consumo e sobre a cachaça, vinho e vinagre. A
arrecadação, denominada de subsidio literário era destinado à construção de
novas escolas e ao pagamento de professores régios. Mesmo assumindo as rédeas
da educação no Brasil, o Estado português mantinha a proibição do ensino superior;
assim quando os mais abastados decidissem enviar seus filhos para a faculdade,
teriam de mandá-los estudar na Europa, ao passo que a ampla maioria da população
continuava analfabeta. Ainda que propagando as qualidades do ensino mantido
pela Coroa, seus métodos seguiam os padrões medievais, onde eram aplicados os
castigos corporais aos alunos, como a palmatória e o beliscão do frade. Com a
vinda da família real em 1808, o Estado passa a privilegiar o ensino superior,
voltado às elites, além de fundar diversas escolas e academias, como a Academia
Real da Marinha e Academia Real Militar, respectivamente 1808 e 1810. Foram
organizados ainda cursos de Belas Artes, Cirurgia e Anatomia, Química,
Agricultura, etc.
A
partir do regulamento de 1827 houve a determinação de criação de escolas de
primeiras letras em todas as Vilas e Cidades e para meninas nas cidades mais
populosas. Para tentar garantir a uniformidade do ensino, o Governo Imperial
criou as Escolas Normais, entre as décadas de 1850 e 1860. Em 1867, as
autoridades dividiram o ensino público em elementar primário, superior primário
e secundário. Sucessivamente, em 1870 e nos anos seguintes programaram-se outras
reformas educacionais, cujos resultados, entre outros foi a liberdade de ensino,
surgindo as primeiras escolas mantidas por protestantes e positivistas. Porém,
na opinião de Ângela Botelho e Liana Reis, a falta “de uma política educacional
eficaz fez com que o ensino, voltado para as atividades intelectuais e
caracterizado pelo desprezo às artes manuais alcançasse apenas as camadas mais
favorecidas”. Apesar disso, houve um aumento considerável na expansão das
escolas femininas católicas, administradas por professoras religiosas
estrangeiras, atuando no mesmo sentido que as ordens religiosas masculinas,
responsáveis pelos colégios direcionados aos meninos. Como afirmamos
anteriormente, após a expulsão dos jesuítas, as demais ordens religiosas
assumiram parte do espaço educacional no Brasil e mesmo com a atuação de
educadores protestantes e positivistas, além do Estado, mais da metade das
escolas brasileiras, na segunda metade do século XIX, pertenciam à Igreja
Católica. Nesse período, dentre as ordens religiosas atuantes no país,
destaca-se a Congregação Salesiana, que na área da educação tem o seu desempenho
comparado com o dos padres da Companhia de Jesus. Mas, para compreendermos o
papel exercido pela Congregação Salesiana, torna-se imperativo conhecer as suas
origens na Itália, então dividida entre vários reinos e os Estados Pontifícios.
Na
cidade de Turim, capital do Reino Sardenha-Piemonte, teve início uma atividade
sócio-educativa de cunho religioso entre os meninos pobres e abandonados, no
ano de 1841. Tal atividade, organizada pelo Padre Giovanni Melchior Bosco (para
nós João Bosco), foi batizada de Oratórios Festivos, nos quais, além de
ministrar os rudimentos da fé cristã, ensinava aos órfãos desamparados, noções
de artes e ofícios. E è em um dos Oratórios Festivos, o de São Francisco de
Salles, que as oficinas de artes e ofícios tomam impulso, servindo de modelo para os
demais, espalhando-se para outros
lugares. Transformando-se em escolas agrícolas e profissionais, a atividade
educacional de Dom Bosco, que a princípio era realizada aos domingos e dias
santos, passa a ocupar toda a semana, incluindo aulas noturnas. Praticamente
voltada para o atendimento da juventude italiana abandonada ou marginalizada, a
prioridade essencial para a admissão nos Oratórios era a pobreza. Ao ser
aceito, a aluno devia obedecer alguns critérios, conforme a análise da Profª.
Maria Aparecida Félix do Amaral e Silva, que afirma que o horário “previa
levantar cedo, a missa com as orações e o terço, o café e o trabalho. Todos se
reuniam para o almoço e a grande recreação, em seguida. À tarde, retormava-se o
trabalho e, à noitinha, estavam previstos os exercícios escolares. O dia
terminava com as orações da noite e breves palavras de Dom Bosco a todos: a boa-noite”.
Apesar de relutar muito, Dom Bosco acatou sugestões de outros religiosos, no
sentido de amparar meninas pobres e abandonadas e, em 1864 ao visitar a cidade
de Mornesse em Acqui, conhece a Associação de Maria Imaculada, escolhida mais
tarde como um ramo feminino dos Oratórios Festivos. Ao ser reconhecida como
ordem religiosa pelo Papa Pio IX, Dom Bosco escolheu para santo padroeiro o do
Oratório modelo das atividades educacionais entre os jovens, São Francisco de
Salles. Dessa forma, os membros da nova ordem foram denominados Salesianos, que
significa “filhos de São Francisco de Salles”. Na evolução estrutural da Ordem Salesiana,
o ramo feminino passa a se chamar Instituto Filhas de Maria Auxiliadora, tendo
como superiora geral Maria Domingas Mazzarello, em 1874. Consolidada, a Congregação
ou Ordem Salesiana expande-se para outras localidades, entre elas o Brasil.
Encarregado
pelo próprio Dom Bosco, o inspetor das missões salesianas na América, Dom Luiz
Lasagna reúne-se com as autoridades do Império do Brasil e com o Bispo do Rio
de Janeiro, Monsenhor Pedro Maria de Lacerda em maio de 1882. Como resultado, é
fundado em junho de 1883 o Colégio Santa Rosa de Niterói, a primeira
instituição de ensino salesiana no país. Em 1885, os salesianos fundam o Liceu
Coração de Jesus, em São Paulo. A
Proclamação da República, todavia, causa um impasse com o clero. Na opinião de
Maria Aparecida Félix, a Igreja Católica, “nesse processo de implantação do novo
regime, sente as conseqüências da separação entre Igreja e Estado, perde espaço
com a laicização do ensino, sente a perseguição das forças liberais, e reage,
mediante ação do bispado, e com a colaboração da elite rural, ampliando a entrada
das congregações religiosas estrangeiras no país”. É nesse contexto que, em
1890, é fundado em Lorena o Colégio São Joaquim, proporcionado, sobretudo, por
doações feitas por Joaquim José Moreira Lima Júnior, o Conde de Moreira Lima,
que desde 1888 mantinha contatos com o inspetor Lasagna, segundo a professora
Maria Aparecida Félix. Desses contatos, resultou que o Conde de Moreira Lima, de
comum acordo com o Bispo Dom Lino Deodato, doa em perpétuo a igreja de São
Benedito, por ele construída e o chalé anexo. A Congregação Salesiana instalou
nesse chalé o Colégio São Joaquim, até adquirir ao lado deste, a casa e um
imenso terreno pertencente ao Major João de Oliveira Évora, onde seria construído
o prédio definitivo. Tendo como primeiro Diretor o padre italiano Carlos Tiago
Peretto, o Colégio São Joaquim inicia suas atividades oficialmente no dia 3 de
março de 1890. Um fato novo é que o recém-inaugurado colégio não possui as
feições dos Oratórios planejados por D. Bosco, e sim as de um internato pago.
Privilegiando os estudos acadêmicos, os ensinos de artes e ofícios,
características originais, são relegadas a um segundo plano. Assim sendo, aos
alunos internos cobrava-se 75$000 por trimestre. Os alunos que fossem realmente
pobres nada pagariam, seguindo então uma das premissas de D. Bosco. Segundo
José Geraldo Evangelista, no primeiro ano de funcionamento do Colégio São
Joaquim “foram matriculados 90 alunos, sendo 20 internos e 70 externos, que começaram
a moldar-se pelo sistema pedagógico de D. Bosco, que se costuma chamar de ‘Sistema
Preventivo’”. Nesse sistema, segundo a Profª. Maria Aparecida Félix, “os
educadores buscavam orientar os jovens para a prática do bem, acompanhando-os
diligentemente para que não cometessem faltas”. Mesmo assim, havia os castigos
para os alunos infratores, mas na opinião de José Geraldo Evangelista, “nunca
castigar de maneira vexatória, humilhante, para que o educando entenda que
errou e se arrependa do erro”. Ou seja, se o aluno “saísse” da linha a
palmatória “entrava” em ação.
Em
1892, é inaugurado em Guaratinguetá o Colégio do Carmo destinado ao ramo
feminino na Congregação Salesiana. Sob a responsabilidade das irmãs Filhas de
Maria Auxiliadora, o Colégio do Carmo, escolhido como Noviciado das mesmas é
inaugurado em 25 de março de 1892. As primeiras missionárias que assumiram o
referido colégio eram: Irmã Teresa Rinaldi, Diretora, natural de Dogliani,
Itália; Irmã Ana Conto, única brasileira na organização do estabelecimento,
nascida no Rio de Janeiro; as uruguaias Irmã Dolores Machiu; Irmã Giovanna
Narizanno; Irmã Paula Zucarinno, Irmã Helena Ospital, Irmã Maria Luiza
Schillino e Irmã Francisca Garcia; Irmã Diletta Maldarin, de Rovigo, Itália;
Irmã Justina Gross, francesa; Irmã Florinda Bittencourt, portuguesa e Irmã
Matilde Bouvier, de origem ignorada. O dia-a-dia do Colégio do Carmo seguia uma
norma rigorosa, da mesma norma que no São Joaquim, um pouco mais exigente em se
tratando do elemento feminino, estando as alunas sujeitas às constantes
vistorias, inspeções, ou seja, de uma severa vigilância por parte das freiras
responsáveis, além das medidas disciplinares, isto é, castigos quando “necessário”, segundo o método preventivo de
D. Bosco, aplicado pela Madre Maria Mazzarello nos colégios femininos. Haviam
diversas disciplinas aplicadas no Colégio do Carmo para as alunas, como
Aritmética, Geometria, Geografia, Cosmografia, História Sagrada e Profana, História
Natural, Italiano, Francês, Língua (Portuguesa), Desenho, Cartografia, Música,
Piano e Canto, além das atividades manuais como Corte e Costura e os dons da Culinária.
Conseqüentemente,
o sucesso e influência do método de ensino salesiano se expandem pelo Vale do
Paraíba e pelo Brasil. No ano de 1914, é inaugurado em Lavrinhas o Colégio São
Manoel, em terras doadas pelo Coronel Manoel Pinto Horta, próximo à estação
ferroviária. Ainda em fins do século XIX e inicio do XX, são criados novos
núcleos salesianos de ensino como a Escola Agrícola Coronel José Vicente de
Azevedo em Lorena, Colégio São José em Guaratinguetá e as Escolas Dom Bosco em
Cachoeira do Campo. Outros seriam construídos em Minas Gerais
(Diamantina) e na Bahia. Na década de 1960, mais dois colégios iniciam suas
atividades no Vale do Paraíba, na cidade de Cruzeiro: o Instituto Santa Maria
Mazzarello, para meninas e o Instituto Nossa Senhora Auxiliadora para meninos.
Em 1968, os dois institutos passam a operar em conjunto, contando com 288
alunos masculinos e 112 meninas no curso anexo do “Nossa Senhora Auxiliadora”
com o do “Madre Mazzarello”. De acordo com o Profº. João Ramos da Silva, no início
da década de 1970, as “casas dos Padres Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora
são, nos dias de hoje, mais de 3.200 espalhados em 53 nações e foram erguidas,
não só nos grandes centros, como nas humildes Vilas de Missões. No Brasil
somente os Padre Salesianos possuem 114 colégios, onde estudaram crianças desde
o curso primário até os cursos universitários”.
Contudo,
não podemos deixar de mencionar um fato ocorrido há quase um século e que,
ainda hoje, as lembranças são dolorosas. Mesmo o local de episódio não ser o
Vale do Paraíba, a tragédia abalou o comunidade salesiana, bem como de toda a
sociedade. No dia 26 de outubro de 1915, os alunos do Colégio Santa Rosa de
Niterói, em um passeio panorâmico pela baia da Guanabara, sofreram um naufrágio
a bordo da Barca Sétima. Próximo à ilha do Moncaguê, o barco teve o casco
perfurado e ao afundar causou a morte de 27 alunos e do Professor Otacílio
Nunes, antepassado distante do autor deste relato. Antes de perecer, o
Professor Otacílio salvou a vida de várias crianças, levando-as pelas costas
até as equipes de socorro que chegavam ao local, até faltarem-lhe as forças.
Nascido no Embaú em 1887, Otacílio foi aluno do Colégio São Joaquim de Lorena e
dois anos antes de sua morte fora transferindo para o Santa Rosa. Mas a
tragédia da Barca Sétima, ainda com tristes recordações, fez com que os
salesianos reafirmassem o seu espírito religioso e educacional, sendo atualmente,
uma das mais respeitadas, senão a mais respeitada, instituições de ensino com
forte presença no nível superior. Sendo assim, os filhos de Sales, repetem,
mantendo as devidas proporções de épocas diferentes, a experiência educacional
dos padres da Companhia de Jesus, quando os jesuítas eram um modelo de educação
para os colonos do Brasil português. O autor do presente texto encerra o mesmo,
deixando um abraço a todos os membros da Congregação Salesiana e in memoriam ao
tio-avô deste, o Padre Salesiano João Bôsco Nunes de Oliveira, falecido em Brasília
no ano de 1993. Até a próxima.
Eddy Carlos
Dicas
para consulta.
BOLETO E REIS, Ângela Vianna e Liana
Maria. Dicionário Histórico Brasil.
Colônia e Império. Autêntica
Editora. Belo Horizonte, 2003.
CARVALHO, Laerte Ramos de. As Reformas Pombalinas da Instrução Pública.
Edusp / Saraiva. São Paulo, 1978.
CESAR, Faustino. Resenha Histórica de Lorena. Coleção
Lorenense.Vol. II. Editora Stiliano. Lorena, 2000.
EVANGELISTA, José Geraldo. História do Colégio São Joaquim
(1890-1940). Editora Salesiana Dom Bosco. São Paulo, 1991.
SILVA, João Ramos da. Cruzeiro Binômio: Educação e Indústria.
Gráfica Profº. João Silveira. Cruzeiro, 1970
SILVA, Maria Aparecida Félix do
Amaral e. Educação de Mulheres do Vale
do Paraíba. Colégio do Carmo: 1892-1910.
Print Gráfica e Editora. Guaratinguetá, 2001.
E-mail: eddycarlos@ymail.com
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