terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Os Filhos de Sales.

                                                   Lembrança de Dom Bosco.
              FONTE: Acervo histórico documental do Recanto da Glória/Prof. Eddy Carlos.
          
            Desde os tempos antigos, as diversas nações exercem, de acordo com sua época, métodos e costumes, a atividade educacional, onde se buscava, através do ensino e aprendizado transmitir aos seus povos e descendentes a sua cultura, história, crença, técnicas agrícolas, ou seja, o conhecimento como um todo. Em civilizações remotas, como a dos hindus, sumérios, egípcios, hititas, caldeus, hebreus e, principalmente chineses, a prática de ensinar era de responsabilidade dos homens sábios e de idade avançada, percebendo-se então, uma valorização e respeito para com os mais velhos. Para tais civilizações, especificamente as orientais, os cabelos brancos eram sinais de sabedoria que deveriam ser seguidos pelos jovens e pelas crianças. Na antiguidade clássica, os gregos, com suas cidades-estados, designavam escravos para levarem as crianças até as escolas primitivas, devendo permanecer por todo o período do aprendizado podendo até auxiliar o mestre em determinada atividade. Servindo assim, esse escravo, chamado de pedagogo, passou a ostentar certo status, principalmente porque a sociedade já elitizada é que dispunha de meios para garantir o ensino aos seus filhos. Com a apropriação e controle da estrutura do Estado, as elites, sejam elas econômicas, políticas, ou religiosas, acabam por excluir dessa mesma estrutura, incluindo o ensino, as classes subordinadas, dentre elas o campesinato e os demais marginalizados.
         Durante a Idade Média, com a consolidação do poder da Igreja na Europa feudal, o conhecimento e a prática do ensino passaram a ser responsabilidade clerical. Com o controle sobre o saber, tanto religioso como científico, a Igreja ampliou sua esfera de influência sobre os reinos bárbaros que ocuparam vastas extensões territoriais após a fragmentação do Império Romano do Ocidente. Quando das invasões e saques dos bárbaros, inúmeras bibliotecas foram incendiadas e somente as dos mosteiros foram preservadas, nas quais os monges copistas mantiveram a tradição da leitura e escrita. Os mais eruditos produziam versos, crônicas de história, tratados teológicos, sempre em latim. Porém com o desenvolvimento e progresso da atividade comercial entre os séculos XI e XII, a arte de ler e contar tornou-se importante. Dessa forma, a burguesia passa a organizar as primeiras escolas leigas, ainda que precisassem da autorização da Igreja para funcionar; com isso almejava-se a manutenção da influência religiosa na sociedade. No entanto, o avanço das idéias reformistas propagadas por Lutero e Calvino provocou a reação da Igreja que, além de restaurar os tribunais do Santo Oficio e criar o Índex Librorum Proibitorum (Índice dos Livros Proibidos), retomou as rédeas da educação, entregando-a à Companhia de Jesus, organizada por Inácio de Loyola em 1534 e confirmada pelo Papa III em 1540. Mesmo perdendo terreno para os protestantes, principalmente no Império Germânico (Alemanha) e Inglaterra, a ação dos jesuítas, os soldados de Cristo, recuperou para a Igreja a Polônia, sul da Holanda e parte da Renânia. Sob os auspícios do catolicismo foram criados colégios destinados ao ensino primário para a conquista das novas gerações, buscando atender também aos filhos dos camponeses, desprovidos de tal oportunidade. Em outra frente de contenção dos reformistas, a Igreja decide difundir a religião católica entre os povos pagãos, ou melhor, não cristãos, missão entregue à Companhia de Jesus, que se espalha pelo globo para a conversão de outras nações, através da catequese, atingindo a China, o Japão, a Índia, e principalmente o continente americano, dividido e colonizado por Espanha e Portugal.
          Apesar de outras ordens religiosas terem vindo para a colônia lusitana do Ultramar, como os franciscanos, dominicanos, capuchinhos, beneditinos e carmelitas, com o intuito de catequizar os “povos selvagens”, foram os jesuítas que mais se destacaram na função. Mantendo uma estrutura disciplinar e paramilitar, os jesuítas lançaram os dois pilares da cultura do Brasil Colonial; o missionário, organizando a fundação de aldeias religiosas, onde os índios eram submetidos à religião católica; e o educacional, através da implantação de colégios, tal como ocorrera na Europa. De acordo com a análise das historiadoras Ângela Viana Botelho e Liana Maria Reis, os “colégios jesuítas, erguidos em vários pontos do Brasil, formavam elementos para ingressar na carreira religiosa e tiveram papel de destaque no ensino dos filhos dos colonos, ministrando-lhes os primeiros ensinamentos, ou mesmo dando a educação necessária aos que não tinham condições de estudar na Metrópole”. A educação jesuítica era composta de métodos rigorosos, garantindo aos padres inacianos um enorme poder, ao passo em que monopolizavam o saber e a instrução. Possuidores de vasta erudição, os jesuítas produziram obras de alta relevância, destacando-se o dicionário da língua tupi. Por outro lado, a fundação dos colégios foi fundamental para a ocupação das terras brasileiras, auxiliando o projeto colonizador de Portugal. Um exemplo é a fundação do Colégio de São Paulo em 25 de janeiro de 1554, o qual foi decisivo para a ocupação do Planalto de Piratininga. Assim como as capelas, os colégios exerciam um papel aglutinador do povoamento da colônia.  Ainda segundo Ângela Viana Botelho e Liana Maria Reis, a grade curricular de ensino nos colégios jesuítas seguia o padrão europeu e compreendia “cinco a seis anos de Gramática (com aulas de grego e latim), Retórica e Humanidades, e mais três anos de Filosofia, abrangendo Lógica, Física, Metafísica, Moral e Matemática. Posteriormente, houve a criação de escolas destinadas à formação de sacerdotes”. Paralelamente, a Coroa que subvencionava parcialmente os colégios jesuítas, preocupava-se simplesmente em instalar e manter cursos militares ou sanitários.
            Entretanto, na segunda metade do século XVIII, no reinado de Dom José I, os interesses dos jesuítas entram em atrito com os da Coroa. Acusando de incentivar a insubmissão dos silvícolas e de criar um Estado dentro do Estado, os padres da Companhia de Jesus foram expulsos de Portugal e dos domínios ultramarinos no dia 16 de setembro de 1759, por ordem expressa de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, ministro de Dom José I. Com o confisco dos bens dos inacianos, ocorreram o desmantelamento de toda uma estrutura de ensino, além da uniformidade de ação pedagógica e uma transição de um nível escolar para outro. As autoridades coloniais delegam, então às ordens dos carmelitas, franciscanos e beneditinos, a responsabilidade do ensino; mesmo com a criação de novas escolas o objetivo não foi alcançado. Sendo assim, em 1772, o Estado assume os encargos da educação na Colônia. Para fazer frente às novas despesas, a Coroa instituiu, através de uma lei de 10 de novembro de 1772, um imposto que incidia sobre cada rês abatida para o consumo e sobre a cachaça, vinho e vinagre. A arrecadação, denominada de subsidio literário era destinado à construção de novas escolas e ao pagamento de professores régios. Mesmo assumindo as rédeas da educação no Brasil, o Estado português mantinha a proibição do ensino superior; assim quando os mais abastados decidissem enviar seus filhos para a faculdade, teriam de mandá-los estudar na Europa, ao passo que a ampla maioria da população continuava analfabeta. Ainda que propagando as qualidades do ensino mantido pela Coroa, seus métodos seguiam os padrões medievais, onde eram aplicados os castigos corporais aos alunos, como a palmatória e o beliscão do frade. Com a vinda da família real em 1808, o Estado passa a privilegiar o ensino superior, voltado às elites, além de fundar diversas escolas e academias, como a Academia Real da Marinha e Academia Real Militar, respectivamente 1808 e 1810. Foram organizados ainda cursos de Belas Artes, Cirurgia e Anatomia, Química, Agricultura, etc.
            A partir do regulamento de 1827 houve a determinação de criação de escolas de primeiras letras em todas as Vilas e Cidades e para meninas nas cidades mais populosas. Para tentar garantir a uniformidade do ensino, o Governo Imperial criou as Escolas Normais, entre as décadas de 1850 e 1860. Em 1867, as autoridades dividiram o ensino público em elementar primário, superior primário e secundário. Sucessivamente, em 1870 e nos anos seguintes programaram-se outras reformas educacionais, cujos resultados, entre outros foi a liberdade de ensino, surgindo as primeiras escolas mantidas por protestantes e positivistas. Porém, na opinião de Ângela Botelho e Liana Reis, a falta “de uma política educacional eficaz fez com que o ensino, voltado para as atividades intelectuais e caracterizado pelo desprezo às artes manuais alcançasse apenas as camadas mais favorecidas”. Apesar disso, houve um aumento considerável na expansão das escolas femininas católicas, administradas por professoras religiosas estrangeiras, atuando no mesmo sentido que as ordens religiosas masculinas, responsáveis pelos colégios direcionados aos meninos. Como afirmamos anteriormente, após a expulsão dos jesuítas, as demais ordens religiosas assumiram parte do espaço educacional no Brasil e mesmo com a atuação de educadores protestantes e positivistas, além do Estado, mais da metade das escolas brasileiras, na segunda metade do século XIX, pertenciam à Igreja Católica. Nesse período, dentre as ordens religiosas atuantes no país, destaca-se a Congregação Salesiana, que na área da educação tem o seu desempenho comparado com o dos padres da Companhia de Jesus. Mas, para compreendermos o papel exercido pela Congregação Salesiana, torna-se imperativo conhecer as suas origens na Itália, então dividida entre vários reinos e os Estados Pontifícios.
            Na cidade de Turim, capital do Reino Sardenha-Piemonte, teve início uma atividade sócio-educativa de cunho religioso entre os meninos pobres e abandonados, no ano de 1841. Tal atividade, organizada pelo Padre Giovanni Melchior Bosco (para nós João Bosco), foi batizada de Oratórios Festivos, nos quais, além de ministrar os rudimentos da fé cristã, ensinava aos órfãos desamparados, noções de artes e ofícios. E è em um dos Oratórios Festivos, o de São Francisco de Salles, que as oficinas de artes e ofícios  tomam impulso, servindo de modelo para os demais,  espalhando-se para outros lugares. Transformando-se em escolas agrícolas e profissionais, a atividade educacional de Dom Bosco, que a princípio era realizada aos domingos e dias santos, passa a ocupar toda a semana, incluindo aulas noturnas. Praticamente voltada para o atendimento da juventude italiana abandonada ou marginalizada, a prioridade essencial para a admissão nos Oratórios era a pobreza. Ao ser aceito, a aluno devia obedecer alguns critérios, conforme a análise da Profª. Maria Aparecida Félix do Amaral e Silva, que afirma que o horário “previa levantar cedo, a missa com as orações e o terço, o café e o trabalho. Todos se reuniam para o almoço e a grande recreação, em seguida. À tarde, retormava-se o trabalho e, à noitinha, estavam previstos os exercícios escolares. O dia terminava com as orações da noite e breves palavras de Dom Bosco a todos: a boa-noite”. Apesar de relutar muito, Dom Bosco acatou sugestões de outros religiosos, no sentido de amparar meninas pobres e abandonadas e, em 1864 ao visitar a cidade de Mornesse em Acqui, conhece a Associação de Maria Imaculada, escolhida mais tarde como um ramo feminino dos Oratórios Festivos. Ao ser reconhecida como ordem religiosa pelo Papa Pio IX, Dom Bosco escolheu para santo padroeiro o do Oratório modelo das atividades educacionais entre os jovens, São Francisco de Salles. Dessa forma, os membros da nova ordem foram denominados Salesianos, que significa “filhos de São Francisco de Salles”. Na evolução estrutural da Ordem Salesiana, o ramo feminino passa a se chamar Instituto Filhas de Maria Auxiliadora, tendo como superiora geral Maria Domingas Mazzarello, em 1874. Consolidada, a Congregação ou Ordem Salesiana expande-se para outras localidades, entre elas o Brasil.
            Encarregado pelo próprio Dom Bosco, o inspetor das missões salesianas na América, Dom Luiz Lasagna reúne-se com as autoridades do Império do Brasil e com o Bispo do Rio de Janeiro, Monsenhor Pedro Maria de Lacerda em maio de 1882. Como resultado, é fundado em junho de 1883 o Colégio Santa Rosa de Niterói, a primeira instituição de ensino salesiana no país. Em 1885, os salesianos fundam o Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. A Proclamação da República, todavia, causa um impasse com o clero. Na opinião de Maria Aparecida Félix, a Igreja Católica, “nesse processo de implantação do novo regime, sente as conseqüências da separação entre Igreja e Estado, perde espaço com a laicização do ensino, sente a perseguição das forças liberais, e reage, mediante ação do bispado, e com a colaboração da elite rural, ampliando a entrada das congregações religiosas estrangeiras no país”. É nesse contexto que, em 1890, é fundado em Lorena o Colégio São Joaquim, proporcionado, sobretudo, por doações feitas por Joaquim José Moreira Lima Júnior, o Conde de Moreira Lima, que desde 1888 mantinha contatos com o inspetor Lasagna, segundo a professora Maria Aparecida Félix. Desses contatos, resultou que o Conde de Moreira Lima, de comum acordo com o Bispo Dom Lino Deodato, doa em perpétuo a igreja de São Benedito, por ele construída e o chalé anexo. A Congregação Salesiana instalou nesse chalé o Colégio São Joaquim, até adquirir ao lado deste, a casa e um imenso terreno pertencente ao Major João de Oliveira Évora, onde seria construído o prédio definitivo. Tendo como primeiro Diretor o padre italiano Carlos Tiago Peretto, o Colégio São Joaquim inicia suas atividades oficialmente no dia 3 de março de 1890. Um fato novo é que o recém-inaugurado colégio não possui as feições dos Oratórios planejados por D. Bosco, e sim as de um internato pago. Privilegiando os estudos acadêmicos, os ensinos de artes e ofícios, características originais, são relegadas a um segundo plano. Assim sendo, aos alunos internos cobrava-se 75$000 por trimestre. Os alunos que fossem realmente pobres nada pagariam, seguindo então uma das premissas de D. Bosco. Segundo José Geraldo Evangelista, no primeiro ano de funcionamento do Colégio São Joaquim “foram matriculados 90 alunos, sendo 20 internos e 70 externos, que começaram a moldar-se pelo sistema pedagógico de D. Bosco, que se costuma chamar de ‘Sistema Preventivo’”. Nesse sistema, segundo a Profª. Maria Aparecida Félix, “os educadores buscavam orientar os jovens para a prática do bem, acompanhando-os diligentemente para que não cometessem faltas”. Mesmo assim, havia os castigos para os alunos infratores, mas na opinião de José Geraldo Evangelista, “nunca castigar de maneira vexatória, humilhante, para que o educando entenda que errou e se arrependa do erro”. Ou seja, se o aluno “saísse” da linha a palmatória “entrava” em ação.
            Em 1892, é inaugurado em Guaratinguetá o Colégio do Carmo destinado ao ramo feminino na Congregação Salesiana. Sob a responsabilidade das irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, o Colégio do Carmo, escolhido como Noviciado das mesmas é inaugurado em 25 de março de 1892. As primeiras missionárias que assumiram o referido colégio eram: Irmã Teresa Rinaldi, Diretora, natural de Dogliani, Itália; Irmã Ana Conto, única brasileira na organização do estabelecimento, nascida no Rio de Janeiro; as uruguaias Irmã Dolores Machiu; Irmã Giovanna Narizanno; Irmã Paula Zucarinno, Irmã Helena Ospital, Irmã Maria Luiza Schillino e Irmã Francisca Garcia; Irmã Diletta Maldarin, de Rovigo, Itália; Irmã Justina Gross, francesa; Irmã Florinda Bittencourt, portuguesa e Irmã Matilde Bouvier, de origem ignorada. O dia-a-dia do Colégio do Carmo seguia uma norma rigorosa, da mesma norma que no São Joaquim, um pouco mais exigente em se tratando do elemento feminino, estando as alunas sujeitas às constantes vistorias, inspeções, ou seja, de uma severa vigilância por parte das freiras responsáveis, além das medidas disciplinares, isto é, castigos quando  “necessário”, segundo o método preventivo de D. Bosco, aplicado pela Madre Maria Mazzarello nos colégios femininos. Haviam diversas disciplinas aplicadas no Colégio do Carmo para as alunas, como Aritmética, Geometria, Geografia, Cosmografia, História Sagrada e Profana, História Natural, Italiano, Francês, Língua (Portuguesa), Desenho, Cartografia, Música, Piano e Canto, além das atividades manuais como Corte e Costura e os dons da Culinária.
            Conseqüentemente, o sucesso e influência do método de ensino salesiano se expandem pelo Vale do Paraíba e pelo Brasil. No ano de 1914, é inaugurado em Lavrinhas o Colégio São Manoel, em terras doadas pelo Coronel Manoel Pinto Horta, próximo à estação ferroviária. Ainda em fins do século XIX e inicio do XX, são criados novos núcleos salesianos de ensino como a Escola Agrícola Coronel José Vicente de Azevedo em Lorena, Colégio São José em Guaratinguetá e as Escolas Dom Bosco em Cachoeira do Campo. Outros seriam construídos em Minas Gerais (Diamantina) e na Bahia. Na década de 1960, mais dois colégios iniciam suas atividades no Vale do Paraíba, na cidade de Cruzeiro: o Instituto Santa Maria Mazzarello, para meninas e o Instituto Nossa Senhora Auxiliadora para meninos. Em 1968, os dois institutos passam a operar em conjunto, contando com 288 alunos masculinos e 112 meninas no curso anexo do “Nossa Senhora Auxiliadora” com o do “Madre Mazzarello”. De acordo com o Profº. João Ramos da Silva, no início da década de 1970, as “casas dos Padres Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora são, nos dias de hoje, mais de 3.200 espalhados em 53 nações e foram erguidas, não só nos grandes centros, como nas humildes Vilas de Missões. No Brasil somente os Padre Salesianos possuem 114 colégios, onde estudaram crianças desde o curso primário até os cursos universitários”.
            Contudo, não podemos deixar de mencionar um fato ocorrido há quase um século e que, ainda hoje, as lembranças são dolorosas. Mesmo o local de episódio não ser o Vale do Paraíba, a tragédia abalou o comunidade salesiana, bem como de toda a sociedade. No dia 26 de outubro de 1915, os alunos do Colégio Santa Rosa de Niterói, em um passeio panorâmico pela baia da Guanabara, sofreram um naufrágio a bordo da Barca Sétima. Próximo à ilha do Moncaguê, o barco teve o casco perfurado e ao afundar causou a morte de 27 alunos e do Professor Otacílio Nunes, antepassado distante do autor deste relato. Antes de perecer, o Professor Otacílio salvou a vida de várias crianças, levando-as pelas costas até as equipes de socorro que chegavam ao local, até faltarem-lhe as forças. Nascido no Embaú em 1887, Otacílio foi aluno do Colégio São Joaquim de Lorena e dois anos antes de sua morte fora transferindo para o Santa Rosa. Mas a tragédia da Barca Sétima, ainda com tristes recordações, fez com que os salesianos reafirmassem o seu espírito religioso e educacional, sendo atualmente, uma das mais respeitadas, senão a mais respeitada, instituições de ensino com forte presença no nível superior. Sendo assim, os filhos de Sales, repetem, mantendo as devidas proporções de épocas diferentes, a experiência educacional dos padres da Companhia de Jesus, quando os jesuítas eram um modelo de educação para os colonos do Brasil português. O autor do presente texto encerra o mesmo, deixando um abraço a todos os membros da Congregação Salesiana e in memoriam ao tio-avô deste, o Padre Salesiano João Bôsco Nunes de Oliveira, falecido em Brasília no ano de 1993. Até a próxima.

                                                                                                                Eddy Carlos



Dicas para consulta.
BOLETO E REIS, Ângela Vianna e Liana Maria. Dicionário Histórico Brasil. Colônia e Império. Autêntica Editora. Belo Horizonte, 2003.

CARVALHO, Laerte Ramos de. As Reformas Pombalinas da Instrução Pública. Edusp / Saraiva. São Paulo, 1978.

CESAR, Faustino. Resenha Histórica de Lorena. Coleção Lorenense.Vol. II. Editora Stiliano. Lorena, 2000.

EVANGELISTA, José Geraldo. História do Colégio São Joaquim (1890-1940). Editora Salesiana Dom Bosco. São Paulo, 1991.

SILVA, João Ramos da. Cruzeiro Binômio: Educação e Indústria. Gráfica Profº. João Silveira. Cruzeiro, 1970

SILVA, Maria Aparecida Félix do Amaral e. Educação de Mulheres do Vale do Paraíba. Colégio do Carmo: 1892-1910. Print Gráfica e Editora. Guaratinguetá, 2001.

E-mail: eddycarlos@ymail.com

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