Até a segunda metade do século XV, o
que era conhecido como mundo civilizado restringia-se à Europa, na ótica dos
próprios europeus. Os demais povos como os asiáticos, e os do norte da África,
praticamente todos islamizados, eram rotulados de bárbaros, atrasados, infiéis,
se consideramos o quesito religioso, etc. Tal concepção do “outro” prevaleceria
ainda por séculos, apesar da viagem de Marco Pólo à China em meados do século
XIV e a conquista da Groenlândia pelos Vikings, comandados por Leif Ericson em
1.100 d.C. Com o bloqueio de Constantinopla pelo Império Otomano em 1453,
europeus como os lusos e os espanhóis, buscam nova alternativa para obter as
famosas especiarias, tão apreciadas no Velho Mundo. A história é conhecida: os
portugueses resolvem contornar a África, sentido sul-sudeste-oriente, ao passo
que os espanhóis, seguindo a orientação do genovês Cristóvão Colombo, seguem
rumo ocidente. Ambos itinerários tinham como objetivo atingir a região das Índias,
produtoras das especiarias e entreposto comercial dos artigos de luxo, como a
seda. Porém, apenas Portugal é bem sucedido na empreitada, quando Vasco da Gama
atinge Calicute em 1498. Por outro lado, a Espanha acabaria “descobrindo” um
imenso continente no seu caminho para as Índias em 1492. Nesse novo, diferente
e “estranho” mundo os espanhóis encontraram diversos povos em vários estágios
de organização político-social, alguns formando estados poderosos, como o dos
Astecas, dos Maias e dos Incas. Na parte meridional-ocidental, os portugueses,
após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, ocupam o território em nome do Rei
Dom Manuel, o Venturoso, com a expedição de Cabral em 1500. Em ambas as
“descobertas” a chegada dos estrangeiros é pacífica e a posse da terra “sem
dono” é feita pelo Estado e legitimada pela Igreja.
Entretanto,
segundo a visão eurocentrista, os habitantes do Novo Mundo foram definidos como,
também, bárbaros e selvagens, necessitando assim da autoridade do Rei e da
benção do Papa. Era necessário “resgatar” as almas perdidas e, para isso os
nativos são submetidos à fé católica pela força, e à escravidão para que
aprendessem a trabalhar para acumular riquezas para os conquistadores. Havendo
reação, recorria-se à espada e, no caso da América espanhola, ao extermínio. Já
na possessão lusitana, a conquista foi conduzida de outra forma, porém não
menos violenta. Com o sistema das Capitanias Hereditárias, a Coroa portuguesa
tardou em assumir efetivamente a controle da colônia, somente o fazendo com a
criação do Governo-Geral em 1549. Para combater os silvícolas recalcitrantes, o
Estado delegava essa tarefa, em geral a grupos de aventureiros, como os
bandeirantes, interferindo em último caso, como na ocasião da Confederação dos
Tamoios. No caso da América Hispânica, os espanhóis exterminaram os grandes
impérios nativos, praticado exclusivamente pelo Exército, comandados por Hérnan
Cortêz, Francisco Pizarro, Pedro Alvarado e outros.
Apesar de tudo,
da invasão, da conquista, escravidão e extermínio de nações inteiras em terras
americanas, os europeus ficaram admirados das belezas naturais do Novo Mundo,
através de relatos dos integrantes das constantes viagens marítimas. O que o
europeu não aceitava era o fato de o outro ser diferente, de praticar a sua fé
em determinada religião e, trabalhar não para acúmulo de riquezas, mas para o
bem comum. Para termos uma dimensão dos fatos, mencionemos que a capital
asteca, Tenochititlán era, na chegada de Cortêz, duas vezes maior do que
Madrid; as calçadas e telhados eram de ouro puro, pois os índios desprezavam o
metal amarelo, o qual para eles não tinha valor algum, Após o assalto final à
cidade, Cortêz a demoliu inteira e sobre os escombros fez construir a cidade do
México. Como exemplo dos relatos das maravilhas tropicais, lembremos-nos da
carta de Pero Vaz de Caminha, integrante da comitiva de Cabral, ao Rei Dom
Manuel, relatando a abundância natural, animal e vegetal do Brasil. Por outro
lado, as constantes trocas de autoridades, além das expedições oficiais conhecidas
como Entradas, quando divulgados os seus feitos, acompanhadas de descrições
minuciosas aguçavam a curiosidade do mundo “civilizado”. Dentre as curiosidades
dos trópicos, os europeus ficaram assombrados com a narrativa de Hans Staden,
cuja obra literária, na Alemanha, revelou os requintes minuciosos da antropofagia
nos trópicos. Na então Capitania de São Vicente, passaram inúmeros viajantes ou
aventureiros, sobretudo pelo Vale do Paraíba, cujas narrativas, mencionam sobre
a fauna e a flora dos domínios lusitanos do Ultramar. Em obra conceituada, o
saudoso Mestre Prof. José Luiz Pasin destaca alguns dos viajantes que fizeram
relatos do Vale do Paraíba, como Anthony Knivet, em 1596; Wilheim Jost ten
Glimmer, em 1601; e Antonil em 1711, entre outros. Outra região do Brasil que
despertou a curiosidade européia foi o Nordeste do século XVII, durante a
ocupação holandesa. No governo de Johann Mauritius van Nassau-Siegen, o Brasil
holandês recebeu a visita de cientistas e pintores europeus que relataram e
retrataram a flora, a fauna e os habitantes dos trópicos. Podemos citar, por
exemplo, os pintores Frans Jansz Post, Zacharias Wagener e Albert Eckhout, além
dos cientistas Georg Margraf e Willem Piso.
Todavia, a fase
que teve mais atividade científica, literária e artística no Brasil,
desenvolvida por europeus foi na primeira metade do século XIX. A Corôa
portuguesa impedia a entrada de viajantes estrangeiros, principalmente
cientistas, o que representou um prejuízo irremediável para o desenvolvimento
científico no Brasil. Porém, após barrar a entrada do sábio naturalista alemão
Alexander von Humboldt, na fronteira com a Venezuela em 1800, o governo luso,
diante da “saia-justa” começa a baixar a guarda”, relaxando as restrições,
ainda que, em prol somente dos ingleses. Em 1802 é autorizado a entrar no Brasil,
Thomas Lindsey; em 1807 John Mawe; em 1808 John Luccock, Henry Koster e Richard
Francis Burton. Com a vinda da família real para o Brasil em 1808, o Brasil
acabou se transformando na sede do Império Colonial Português e, em 1815
elevado à Reino Unido com Portugal e
Algarves por Dom João VI. No ano seguinte, chega ao Rio de Janeiro a missão
artística francesa, contratada pelo monarca para fazer da capital, uma cidade
digna de um rei, Integravam essa missão Joachim Lebreton, Nicolas-Antoine
Taunay, Auguste-Marie Taunay, Grandjean de Montigny, Charles Pradier e Jean Baptiste Debret, entre
outros. O Brasil, sendo o centro da monarquia lusa, e européia, chamou a
atenção de outras nações do Velho Mundo. Em 1817 ao deixar Viena, com destino
ao Rio de Janeiro, estando já casada, através de procuração com o futuro
imperador Dom Pedro, a Arquiduquesa Maria Leopoldina Josefa Carolina de
Habsburgo veio acompanhada de 15 cientistas. Esse grupo compunha a missão artística
austríaca, composta, dentre outros, do pintor Thomas Ender, o zoólogo Johann
Baptist von Spix e do botânico Karl Friedrich
Philipp von Martius.
Apesar de
integrarem a missão austríaca, Spix e Martins eram alemães, oriundos do Reino
da Baviera, ou Bavária, aliado do Império Austríaco e chegaram ao Rio de
Janeiro no dia 15 de julho de 1817. Após permanecerem quatro meses na capital
do Reino Unido do Brasil, conhecendo, pesquisando e catalogando suas
descobertas, como por exemplo, no morro do Corcovado, iniciaram a longa jornada
pelo interior do Brasil. Ao acessar o referido morro, os dois naturalistas
ficaram encantados com a natureza, composta ora de “passarinho de diversas
cores, ora deslumbrantes borboletas, ora insetos de maravilhosas formas, ora
plantas do mais lindo aspecto, espalhadas pelo estreito vale e pela rampa suave
do morro”. No dia 08 de dezembro de 1817, Spix e Martius partem rumo à São
Paulo, iniciando a jornada científica, a qual duraria três anos, com cerca de
vinte mil quilômetros percorridos. Até a capital paulista, o pintor Thomas
Ender os acompanha, transitando pelo Vale do Paraíba e retratando em suas telas
belas e pitorescas imagens das vilas e povoados. Após se separarem de Ender,
que retorna ao Rio de Janeiro, o zoólogo e o botânico seguem para a região das
minas, realizando pesquisas geológicas em Mariana, Sabará e Vila Rica. Das minas
seguem para Goiás e, em seguida para Salvador e de lá para as regiões
setentrionais do Brasil até Manaus. Na futura capital do Amazonas, os dois
viajantes se separam: Spix, seguindo o curso do Rio Solimões atinge o Peru; e
Martius acompanhando o curso do Rio de Japurá, chega até os Andes. Em meados de
março de 1820, ocorre o reencontro dos dois cientistas em Manaus e três meses
depois retornam para a Europa, levando um dos maiores acervos já reunidos sobre
o Brasil. Seguindo Eduardo Bueno, a marcha pelo interior do Brasil, realizada
por Spix e Martius, “se tornaria não só uma das mais longas já realizadas no país
como também uma das mais produtivas. (...). O material botânico, zoológico e
etnográfico que coletaram daria trabalho para uma vida inteira”.
Porém,
analisemos o relato dos dois integrantes da missão austríaca, a respeito dos
lugares, costumes e sociedade do Vale do Paraíba, lembrando que, antes de tudo,
eles interpretavam o cenário do início do século XIX, sob uma ótica
eurocentrista, ou seja, de acordo com os padrões europeus de civilização. Como
mencionado anteriormente, em 08 de dezembro de 1817, Spix e Martius partem do
Rio de Janeiro rumo a São Paulo, seguindo pelo Caminho Novo da Piedade até
Lorena; daí até Guaratinguetá por um trecho do Caminho Velho da Estrada Real;
desse ponto até São Paulo pelo Caminho Velho dos Paulistas. Em 1822, seguindo
pelo mesmo roteiro, o Príncipe Dom Pedro realizaria a Jornada da Independência,
transformando-o num único caminho que mais tarde seria a Estrada Velha Rio-São
Paulo. Após alguns dias de viagem, os naturalistas chegam à Freguesia de
Bananal e sem mais detalhes afirmam que a região é escassamente povoada,
notando, porém, extensas plantações de milho. Ou seja, a rubiácea ainda não
exercia a sua hegemonia. Prosseguindo o seu itinerário, a comitiva, após três
dias de marcha, passando pelo povoado do Barreiro, chega à Vila de Sant’Ana das
Areias, Na realidade, desde que chegaram à Bananal, já estavam em território de
Areias, emancipada da Vila de Lorena em 1816, por ordem do Rei Dom João VI e
que englobava as atuais cidades de Bananal, Silveiras, Queluz, Lavrinhas e São
José do Barreiro. As habitações de Areias são descritas pelos cientistas como
baixas, feitas de pau-a-pique, e de duração efêmera, sendo seus moradores
pessoas de parcos recursos. Em seu relato, Spix e Martius mencionam a
existência, nos arredores de Areias, de “uma insignificante aldeia de índios,
resto de numerosas tribos, que antes dos paulistas se apossarem da Serra do
Mar, habitavam em toda a extensão da mata, (...). Eles se destacam, ainda, pela
indolência e a quase invencível obstinação de seus antepassados, mantendo
poucas relações com os colonos”. Partindo de Areias, o grupo, além de continuar
com suas pesquisas botânicas e zoológicas, observa os contornos da Serra da
Mantiqueira, destacando as altas árvores que havia na região, as quais compunham
as matas que seriam derrubadas, mais tarde, para o plantio do café. Em meio ao
trajeto, chegam ao Rancho dos Silveiras, composto de “um pasto fechado para as
mulas e um rancho espaçoso, onde penduramos as nossas redes”. O referido pouso
para viajantes e tropeiros daria origem à cidade de Silveiras.
Infelizmente, os mencionados
viajantes não tinham o hábito de anotar o dia que chegavam ou saíam de
determinado local, como fazia o francês Saint-Hilaire. Provavelmente em fins de
dezembro de 1817 chegam à Vila de Lorena, passando antes por um caminho que
segue para Minas, o qual cruza com o do percurso da comitiva. Tal caminho, porém,
“cruza” o Rio Paraíba no Porto da Cachoeira. O local, com alguns casebres do
outro lado do citado rio, foi retratado por Thomas Ender, e é a origem de
Cachoeira Paulista, atualmente o Bairro da Margem Esquerda. Sobre Lorena, Spix
e Martius afirmam que a vila é composta de “sítio pobre, sem importância,
constando de umas quarenta casas, apesar dos férteis arredores e do tráfego,
entre São Paulo e Minas Gerais”. Os viajantes notam, também, a mudança de
vegetação ao longo do Vale do Paraíba, a partir de Lorena. Desaparecem as matas
cerradas, surgindo uma natureza mais suave, composta de arbustos e extensas
campinas. Antes do advento do café e sua hegemonia, a atividade econômica
principal dos habitantes de Lorena e de Guaratinguetá era o cultivo do fumo.
Segundo os dois cientistas, devido ao intenso calor úmido, o mesmo “favorece a
secreção da substância específica nas folhas do fumo, o que determina antes de
mais nada a excelência” do produto. Chegando à Vila de Guaratinguetá, os
integrantes do grupo científico notam as primeiras vidraças, o que aos olhos
dos europeus era sinal de ostentação, luxo e abastança. Apesar das aparências,
a única iguaria na refeição servida em Guaratinguetá, foi um tatu que eles
mesmos haviam caçado. Acompanhando o curso do Rio Paraíba, sentido sudoeste,
Spix e Martius observam que na área pertencente à Vila de Guaratinguetá, à
esquerda do referido rio, em uma série de colinas havia plantações sólidas de
mandioca, milho e feijão, além do fumo, já citado. À direita, até “encostar” na
Serra da Mantiqueira, a região apresentava-se coberto de espessa vegetação
baixa de murtas e goiabeiras. Ao chegar à capela de Nossa Senhora Aparecida, os
viajantes ficam admirados pela acolhida recebida do Capitão-Mor de
Guaratinguetá, que residia no sítio das romarias. Para eles, a “cordialidade do
acolhimento a desconhecidos, o zelo solícito com que todos da casa acodem a
servir, causam agradável impressão no ânimo do viajante europeu”. Após a visita
à capela, eles relatam que a mesma era “só parcialmente construída de pedra e
guarnecida com dourados, más pinturas a fresco e algumas a óleo”. No dia 24 de
dezembro de 1817, após observar o trânsito intenso das romarias, sobretudo oriundas
de Minas Gerais, a comitiva reinicia a marcha.
Entrementes, ao
longo de seu trajeto científico e pesquisador, Spix e Martius prestam atenção,
também, nos costumes e nas indumentárias da população valeparaibana do início
do século XIX. O traje dos caboclos era composto, para os homens, de chapéus de
abas largas, ponho comprido, calça e paletó de tecido escuro de algodão, “botas
altas, não engraxadas, seguras embaixo do joelho por uma correia e fivela;
facão comprido, com cabo prateado, que, como arma defensiva, mete-se no
cinturão ou no cano da bota, e também de muita serventia à mesa”. As mulheres
utilizavam vestidos de pano, compridos e largos, além de chapéus arredondados
desabados. No dia de Natal, em meio à intensa chuva, o grupo chega à Pindamonhangaba,
a qual se compunha de algumas fileiras de casebres baixos, dispersos em um
morro, apresentando pouca prosperidade, na opinião dos cientistas. Tal como
ocorrera em Guaratinguetá, a acolhida foi agradável e, apesar de menosprezarem
a igreja, que estava em construção, visitam o presépio montado na mesma. Prosseguindo
viagem, continuam a se encantar com as paisagens naturais de Vale do Paraíba,
destacando os imensos prados, desde os contrafortes da Serra da Mantiqueira até
as margens do Rio Paraíba. Apesar dessa visão afirmam que, embora “esses campos
não ofereçam à vista o adorável verde-claro de nossos prados do Norte (Europa),
contudo, maravilham o observador pela abundância variada”. Na noite de 25 de
dezembro de 1817, Spix e Martius chegam à Vila de Taubaté, permanecendo um dia
no local, para descanso do grupo e das mulas, além de enxugar a bagagem molhada
pela chuva incessante. A primeira construção observada é o convento franciscano,
rodeado de palmeiras imperiais e outras paralelas, e diversos casebres. Tais
residências, segundo a narrativa dos cientistas, são construídas de um só
pavimento, tendo as paredes reforço de vigas fracas ou bambus amarrados com
cipós; o “acabamento” era feito com tabatinga, sendo barreados e caiadas com o
mesmo material, retirado dos rios. O mobiliário era também simples: alguns
bancos, mesa, arca ou canastra, e cama coberta com esteira ou couro de boi. Porém,
mesmo com essa rusticidade, os dois cientistas consideravam a Vila de Taubaté
uma das mais importantes, ficando atrás, somente de São Paulo; além do mais, os
habitantes são considerados mais abastados e educados, devido às relações
comerciais com São Paulo e o Rio de Janeiro. Saindo de Taubaté, a comitiva
passa pela pequena Vila de São José do Paraíba, onde o pintor Thomas Ender
retrata a primitiva igreja matriz e algumas casinholas; Spix e Martins nada
mencionam sobre a futura Capital do Vale e rumam para a Vila de Jacareí, onde
resolvem descansar. Nessa localidade, além de perceberem que a maioria da
população era composta de negros, mulatos e demais mestiços, constatam a
predominância do bócio, uma inchação, em grandes proporções da glândula tireóide,
deformando o pescoço. Nota-se um pouco do preconceito e da visão eurocentrista
“civilizada”, no relato dos viajantes, ao afirmar que, às vezes “todo o pescoço
fica tomado da inchação, o que dá a essa gente, na maioria de cor, que sem isso
já não tem fisionomia agradável, uma horrenda aparência”. Embora portadoras de
tal enfermidade, era comum mulheres ostentarem correntes de ouro e prata sobre
o pescoço deformado. As causas dessa doença apontadas por Spix e Martius, vão
desde o nevoeiro denso sobre o Rio Paraíba e brejos, a ingestão exagerada de
carne de porco e fubá grosseiro e os excessos sexuais da população, segundo os
dois pesquisadores.
Saindo de
Jacareí, o grupo de Spix e Martius passa pela Aldeia da Escada, célula-máter da
futura cidade de Guararema, visitando os índios administrados por um padre
proprietário de roças de subsistência, cultivadas pelos silvícolas. Nesse local
a comitiva atravessa o Rio Paraíba, na chamada “curva de Guararema” e depois de
passar por Mogi das Cruzes, Spix, Martius e Ender chegam à Vila de São Paulo no
dia 31 de dezembro de 1817. Por pouco
tempo, Thomas Ender permaneceu em
São Paulo , retornando ao Rio de Janeiro em companhia dos
patrícios, que já se encontravam na capital dos paulistas, o Conde de Wrbna,
Príncipe de Taxis e o Conde Palfy. Depois de alguns dias Spix e Martius
prosseguem o seu périplo pelo Brasil, como citado no início deste relato. Em
1826, Spix com 46 anos, falece prematuramente, atuando somente na redação do
Volume 1, dos três que compõem a obra “Reise nach Brasilien”, ou Viagem pelo
Brasil, concluída por Martius, falecido em 1868; ambos jamais retornaram ao Brasil.
A obra de Spix e Martius revelou na Europa, bem como as telas de Ender, as
maravilhas, os costumes e a simplicidade do Vale do Paraíba. Excetuando Ender,
revelou as maravilhas, do restante do Brasil, que os próprios brasileiros não
valorizam. Até a Próxima.
Eddy
Carlos.
Dicas para consulta.
ARRUDA e PILETTI, José Jobson de A. e Nelson. Toda a História. Ática. São Paulo, 1995.
BUENO, Eduardo (Org). História
do Brasil. Publifolha. São Paulo, 1997.
PASIN, José Luiz. Vale do Paraíba. A Estrada Real. Caminhos e Roteiros. Ed. Santuário Aparecida, 2004.
SPIX e MARTIUS, Johann Baptist von e Karl Friedrich
Philipp von. Viagem pelo Brasil.
Volume Único. Melhoramentos. São Paulo, 1976.
E-mail: eddycarlos@ymail.com
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