A implantação do modelo político
administrativo português nos trópicos trouxe do Reino para a Colônia algumas
particularidades, como por exemplo, o horror e o asco que os lusitanos tinham
pelo trabalho braçal. Considerado degradante e uma maldição divina, muitos
“brancos” e “civilizados” preferiam praticar a mendicância a ter que empunhar
qualquer instrumento de trabalho que fosse. Para exercer as tarefas
“humilhantes”, colonos e reinóis valiam-se do braço de escravo africano, sobre
o qual foram acumuladas e construídas imensas fortunas. A historiografia
oficial considera que o Brasil vivenciou alguns ciclos econômicos como o da
extração do pau-brasil, a cana-de-açúcar, a extração aurífera e o café. Outras
atividades econômicas não incluídas na lista acima, também tiveram o seu
momento na História do Brasil, como o cultivo do algodão e do anil, a criação
de gado vacum e de suínos, além das agriculturas de subsistência como milho,
feijão, mandioca, etc. À exceção do pau-brasil, todas as que compunham os
“ciclos econômicos” tiveram como a base a monocultura escravista (para o ouro,
embora extrativista, utilizou-se do mesmo modelo), cujo destino era a
exportação para os mercados consumidores europeus.
Ora, o tráfico negreiro era monopólio da
Coroa, que auferia vultosos lucros como a
cobrança de direitos de alfândega e impostos diversos, além de garantir
os dízimos da Igreja. Mesmo para um abastado proprietário rural, a aquisição de
escravos significava um dispendioso investimento de alto risco como a fuga ou
morte dos cativos. Ainda assim, consideravam que valia a pena quando chegava a
época da safra e o retorno do capital investido. Até mesmo médios e pequenos
proprietários empregavam seus parcos recursos na compra de escravos. Apesar de
tudo, haviam também aqueles que não tinham condições de sequer manter a si
mesmo, vivendo como posseiros ou agregados nos diversos latifúndios coloniais.
Como trabalhavam eles mesmos a terra, eram vistos com desprezo pela sociedade
escravocrata. Como afirmamos, o tráfico como monopólio da Coroa,
impossibilitava uma parcela de colonos em adquirir a mão de obra cativa para
cultivarem suas lavouras. A solução encontrada, sobretudo nas áreas que compunham
as Capitanias de São Vicente e Santo Amaro, mais tarde Capitania de São Paulo,
foi a de utilizar-se do braço indígena, muitos dos quais já estavam
catequizados e reduzidos em aldeamentos como São Paulo dos Campos de
Piratininga. Os colonos organizavam expedições para irem ao sertão buscar o
“remédio” para os seus males, dando inicio à fase do bandeirismo de preagem, ou
seja, da caça ao índio. Partindo da Vila de São Paulo, os bandeirantes
realizaram incursões mata adentro, atingindo o território castelhano na América
ao “romperem" a Linha de Tordesilhas, chegando até o Alto Peru com a expedição
de Raposo Tavares. Apesar dos éditos reais e breves papais, proibindo o
aprisionamento dos silvícolas, nações inteiras foram exterminadas pela espada e
o arcabuz, além do desgastante trabalho nas lavouras paulistas.
Entrementes, ainda em fins do século XVI
e início do Século XVII, alguns grupos decidem rumar sentido leste,
acompanhando o curso do Rio Paraíba do Sul, principalmente após a fundação do
povoado de Boigy, elevada à condição de Vila em 1611, isto é, a atual cidade de
Mogi das Cruzes. Diversas foram as expedições, rumo ao Vale do Paraíba,
inicialmente no encalço dos Puris e depois para a transposição da “Garganta” do
Embaú, na Serra da Mantiqueira. Segundo o depoimento do saudoso historiador e
poeta cruzeirense Pedro Gussen, a primeira expedição a adentrar o Vale foi a de
Braz Cubas e Luiz Martins em 1560; a segunda foi em 1562, empreendida por João Ramalho.
Outras se realizaram, ainda segundo a análise de Pedro Gussen, como a do
Capitão João Pereira de Souza Botafogo e Domingos Rodrigues em 1596; em 1597, a
de Martim Correa de Sá e a de André de León em 1600. No ano de 1628, Mariana de
Sousa Guerra, a Condessa de Vimieiro, donatária da Capitania de São Vicente,
faz doação a Jacques Félix, residente em São Paulo, da “sesmaria na região dos
sertões do Paraíba, para que ele, em nome da doadora, iniciasse o desbravamento
oficial e a povoação da região”, segundo a análise de Bendito Carlos Marcondes
Coelho. Em 1636, Jacques Félix inicia a construção de uma povoação, próximo a
uma aldeia de índios Guaianazes, erigindo uma capela sob a invocação de São
Francisco das Chagas, local elevado à Vila em 1645, dando origem à futura
cidade de Taubaté, a qual torna-se, então uma base da exploração do Vale do
Paraíba, ou num foco irradiador do bandeirismo, conforme uma ilustre
pesquisadora. Ainda no contexto do bandeirismo de preagem, Jacques Félix recebe
permissão das autoridades coloniais para distribuir sesmarias no sertão
valeparaibano.
Porém, as expedições que seguiam além do
povoado iniciado por Jacques Félix, observavam em determinada região, que uma
enorme quantia de garças marcava o local da paisagem às margens do Paraíba,
entre as duas serras, a do Mar e a da Mantiqueira. Tal localidade, no entanto,
já estava batizada pelos índios com o nome de “Guaratinguetá”, significando na
língua tupi-guarani: reunião de guarás brancos, ou garças brancas, de acordo
com o estudo de Thereza Regina de Camargo Maia. Segundo a autora em obra
conceituada, elaborada com seu esposo Tom Maia, em meados de 1630 foi erguida
uma capela rústica, de pau a pique e coberta com sapé, dedicada a Santo
Antônio. Registra Hilton Federici que os primeiros colonizadores após a
construção das capelas, acabavam por se aglutinarem em torno das mesmas com a
instalação das respectivas casas de moradia. No caso da capela erigida na
região das garças brancas, foi se desenvolvendo um povoado nas suas imediações,
integrando ainda a Vila de Taubaté, emancipada em 1645. Sendo assim, através de
um requerimento elaborado pelo capitão Domingos Luiz Leme, o referido povoado
foi elevado à condição de município, com a criação da Vila de Santo Antônio de
Guaratinguetá em 13 de fevereiro de 1651. O território da nova vila estendia-se
por todo o Vale do Paraíba, sentido leste, atingindo áreas atualmente
pertencentes ao Estado do Rio de Janeiro.
Todavia, apesar da orientação da
Metrópole, de incentivar a economia monocultora, cujo objetivo era a exportação,
a Vila de Guaratinguetá praticou uma economia de subsistência, de 1630 a 1775,
segundo a análise de Lucila Herrmann. Tal ocorria devido a diversos fatores
como a situação geográfica que, “não somente o Vale do Paraíba como o Estado de
São Paulo ocupam em relação às regiões mineradoras do centro e as criadoras do
sul e, na política econômica, que Portugal mantém em relação à Colônia,
transformando-a num organismo meramente produtor”. Sendo assim, garantindo a
subsistência, as “sobras” são utilizadas no comércio de beira de estrada, cujos
principais consumidores eram os viajantes e aventureiros, além de bandeirantes
que seguiam rumo ao Sertão dos Cataguases, além Mantiqueira. Apesar de tudo, o
braço cativo, do negro africano ou do índio preado era indispensável na Vila
para o cultivo de milho, mandioca, feijão, arroz; ao preparo da farinha,
melado, rapadura, aguardente, e na criação de porcos. Para Benedito Carlos
Marcondes Coelho, a Vila de Guaratinguetá foi se estruturando com a vinda de
vários sesmeiros até 1700, ano demarcatório de sua pesquisa. Segundo o autor, a
maioria ostentava a patente de Capitão, pois era “comum na época a Coroa
premiar com esse título aqueles que se lançavam ao desbravamento do sertão”.
Além do fundador, o Capitão Domingos Luís Leme, já citado, “povoaram” a Vila de
Guaratinguetá: Brás Esteves Lemes, seu filho homônimo, cognominado, o Moço;
João do Prado Martins, João Barbosa do Rego, Mateus Lemes do Prado, Estevão
Raposo Barbosa, Fernando Bicudo de Brito, Domingos Bicudo de Brito, Roque
Bicudo Leme, Pedro da Motta Pais, Salvador da Motta de Oliveira, Sebastião
Fernandes Camacho, o filho homônimo deste, também conhecido como o Moço;
Antônio Raposo Barbosa, Antônio Bicudo Leme (iria fundar mais tarde
Pindamonhangaba), Antônio do Prado Martins, Lourenço Velho Cabral e Francisco
Nunes da Costa.
Nas primeiras décadas dos setecentos, a
Vila de Guaratinguetá, ainda praticando a economia de subsistência, entra no
contexto da atividade aurífera no território das Gerais, passando a ser
destaque nas correspondências oficiais, a sediar uma Casa de Quintos do Ouro,
logo transferida para Paraty, além de configura em relatos de viajantes,
cronistas e autoridades coloniais. Em Guaratinguetá, os principais caminhos da
época uniam-se e, depois “tomavam” rumos distintos: o Caminho Velho dos
Paulistas, desde São Paulo até a Vila mesclava-se com a Estrada Real, seguindo
até a travessia do Rio Paraíba no Porto da Cachoeira (Cachoeira Paulista), daí
mantendo o segundo nome até o Distrito Diamantino. A Estrada Real, por sua vez,
“seguia” seu rumo, de Guaratinguetá até a Freguesia do Facão (Cunha) e daí até
Paraty. Tais caminhos foram uteis para o deslocamento de contingentes
bandeirantes durante a Guerra dos Emboabas, da qual Guaratinguetá foi palco e testemunha dos acontecimentos
decisivos que selaram a sorte dos paulistas. Em 1709, após o episódio do Capão
da Traição, os paulistas reuniram uma força composta de 1.300 a 5.000 homens (número
talvez exagerado), liderados por Amador Bueno da Veiga e marcharam em direção
das minas, sendo esperada por Dom Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho,
autoridade régia, na Vila de Guaratinguetá. O avanço paulista foi delatado por
um espião emboaba residente em Guaratinguetá, Domingos Gonçalves Cândido; a
presença do representante do rei era para convencer os paulistas a desistirem
da vingança contra os emboabas, sem êxito.
Após o conflito, a Coroa cria a Capitania
de São Paulo e Minas de Ouro, cabendo ao próprio Albuquerque Coelho exercer o
cargo de Capitão-General, equivalente a Governador. Estando novamente em
Guaratinguetá, de lá escreve para o Rei Dom João V, informando os resultados da
arrecadação da Fazenda Real, o que deveria ter sido feito por Timóteo Correia
de Góis, provedor da praça de Santos. A carta foi escrita no dia 12 de outubro
de 1710, conforme relação dos “Documentos manuscritos avulsos da Capitania de
São Paulo”. Outras correspondências, contidas na relação citada, mencionam a
Vila de Guaratinguetá, analisemos algumas. Em janeiro de 1727, a Câmara de
Guaratinguetá faz uma Representação ao rei, solicitando o pagamento da côngrua
da Fazenda Real, como já era feito nas demais vilas. Na realidade pediam o
pagamento para o vigário da vila, o que na época era feito pelo Estado,
sacramentado pela Igreja. Em 24 de maio de 1735, Domingos Antunes Fialho, pede
ao rei “passar carta de confirmação do posto de coronel da ordenança do
Regimento de Infantaria da Vila de Guaratinguetá”, pois havia sido nomeado por
Antônio Luís de Távora, o Conde de Sarzedas, governador da Capitania de São
Paulo. No dia 31 de agosto de 1742 a
Câmara escreve ao rei solicitando medidas seguras para abertura do caminho ”desta
vila para o Rio de Janeiro”. Os camaristas referiam-se ao Caminho Novo da
Piedade, que só seria concluído em fins do século XVIII. Guaratinguetá foi
também citada diversas vezes nos relatos de viajantes e aventureiros, como
afirmamos anteriormente. Em 1711, Antonil menciona a Vila no seu relato do
caminho do caminho para a região das Minas, através da Estrada Real. No ano de
1717, a tão comentada visita de Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e
Vasconcellos, o Conde de Assumar, recebido em Guaratinguetá no dia 17 de
outubro. No diário da jornada do Conde, está registrado que o mesmo foi
“recebido com duas companhias de Infantaria, uma de filhos da terra e outra dos
do Reino”. O mencionado diário, citado pelo saudoso mestre Prof. José Luiz
Pasin em obra conceituada, destaca ainda como os lusitanos viam os brasileiros;
em outro trecho, está registrado que os “naturais são tão violentos e
assassinos, que raro é o que não tenha feito morte”. Apesar de tudo, foi
justamente durante essa visita que ocorreu o encontro da imagem da Santa
Aparecida no porto Itaguaçú, no Rio Paraíba, quando eram realizadas pescarias determinadas
pela Câmara de Guaratinguetá para servir ao Conde de Assumar.
No ano de 1723, Frei Agostinho da Piedade,
ao concluir uma obra literária, assim refere-se à Vila de Guaratinguetá, “Mais
abayxo seguindo as ribeyras do mesmo rio Paraíba do Sul, direytura cousa de
três quatro legoas que por mar são mais a respeyto das voltas, que faz o Rio.
Se vé a Villa de Guaratinguetá, que na língua Brasílica Val o mesmo, que terra
de muytas garças, parece achão alli bom posto, & bom sitio para suas nidificações”.
Outro fato que significaria muito para
Guaratinguetá, principalmente nos dias atuais, foi o nascimento em 1739 de
Antônio Galvão de França, o Frei Galvão, cuja casa onde viera ao mundo, foi
restaurada, estando aberta a visitação. Entre os anos de 1748 e 1765, a
Capitania de São Paulo deixou de existir e todo o seu território, incluindo
Guaratinguetá passou a pertencer à Capitania do Rio de Janeiro. Porém, com a
ameaça castelhana ao Sul, a Coroa restaura a capitania paulista, sendo
empossado como Capitão-General, Dom Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, o
Morgado de Mateus. Durante os dez anos de governo, o Morgado aplicou uma
política na Capitania voltada à defesa da ameaça externa, a qual verificou-se
na distribuição de sesmarias em todo o território, com a condição de, além de
gerar mantimentos, de estar sempre de prontidão para dar combate aos espanhóis.
O governador manteve por sua vez intensa correspondência com as vilas sob sua
jurisdição, revelando um controle total sobre as mesmas. A Vila de
Guaratinguetá manteve também intensa correspondência com o dirigente luso, o
qual por sua vez a escolheu em 1767 para sediar o 2° Corpo de “ Ligeiros de
Guaratinguetá e Villas do Norte de Serra Acima” contando com 6 companhias de
Cavalaria e 384 homens. Mantendo um
comando central, Guaratinguetá tinha sob suas ordens quartéis em Facão (Cunha),
Pindamonhangaba, Taubaté, Jacareí e Mogi das Cruzes. Com o incentivo
governamental, povoados evoluíram, tornando-se freguesias e vilas. Dessa forma,
ainda no século XVIII, Guaratinguetá teve o seu território “mutilado” duas
vezes. Em 1785, a Freguesia do Facão foi elevada a município com o nome de Vila
de Nossa Senhora da Conceição de Cunha; em 1788 foi a vez da Freguesia da
Piedade emancipar-se com o nome de Vila de Nossa Senhora da Piedade de Lorena.
A partir do século XIX, Guaratinguetá
dinamiza sua economia, ainda atrelada ao escravismo, com atividades
açucareiras, têxteis e, principalmente a cafeeira, entrando no rol das vilas
que forneciam “nobres” ao então, Império do Brasil. Apesar de tudo, o francês
Saint-Hilaire descreveu o local como “uma vilazinha mais comprida do que larga,
com ruas estreitas As casas, em taipa, pequenas em sua maioria, não são caladas
e só ao rés do chão”. Tal foi: o cenário de acordo com a análise de Thereza e
Tom Maia, encontrado pelo príncipe Dom Pedro, quando da sua jornada da
Independência, pernoitou em Guaratinguetá, hospedando-se na casa do Capitão-Mor
Manoel José de Mello, proprietário da Fazenda do Barboza e senhor de 180
escravos. Cinco anos antes, porém, da passagem do botânico francês,
Guaratinguetá foi visitada por Spix e Martius, os quais registraram que a Vila
acha-se “situada num extenso campo, não longe do Paraíba, fronteiro a alguns
contrafortes da Serra da Mantiqueira, sobre risonha colina, cercada de
laranjeiras e bananeiras”. Outros que deixaram relatos sobre Guaratinguetá
foram: o Pe. Manuel Aires do Casal, no mesmo ano que Spix e Martius, isto é, em
1817; Daniel Pedro Müller, em 1836; Milliet de Saint Adolphe, em 1845; Manuel
Elpídio Pereira de Queiroz, em 1854; Zaluar em 1860, entre outros.
Entrementes, no cenário econômico,
observa-se a crescente expansão da atividade cafeeira e o consequente declínio
dos engenhos de açúcar. O café, como já é de nosso conhecimento, proporcionou o
surgimento de uma elite agrária escravocrata no Vale do Paraíba, tendo na,
então Vila do Bananal a sua “capital” econômica. A riqueza obtida pelos barões
do café, graças ao látego do feitor nas costas dos escravos, irradiou-se pelo
território valeparaibano e, em Guaratinguetá, no ano de 1886, a produção
atingiu 350 mil arrobas, de acordo com Tom e Thereza Maia. O surto da rubiácea
propiciou também, profundas transformações quanto às maneiras de pensar, agir e
habitar dos senhores escravagistas. Com o lucro abundando, muitos
proprietários, além de manterem suas imponentes sedes de fazendas, construíram
igualmente soberbos casarões e palacetes urbanos, contendo riquíssimo
mobiliário vindo da Europa, junto com alfaias requintadas. Apesar disso, o
jornalista luso brasileiro Augusto Emílio Zaluar, citado acima é “duro” ao
relatar a população de Guaratinguetá, quando de sua visita em 1860. Segundo
Zaluar, o povo local, “se não tem as largas aspirações de progresso que anima a
maior parte das povoações modernas, é pacifico, morigerado e extremamente
religioso, se bem que aí, como em toda a parte, se encontrem ainda homens de
instintos odientos e grosseira ignorância”.
Contudo, Guaratinguetá destacou-se no
cenário político do Império, recebendo a visita da Família Imperial duas vezes,
em 1868 e 1884, sendo que nesta última, a princesa Isabel e o marido Gastão de
Òrleans, o Conde D’ Eu, hospedaram-se no Solar do Visconde de Guaratinguetá,
além de visitarem a capela de Nossa Senhora Aparecida no Morro dos Coqueiros. A
Vila teve participação, também na formação dos “Voluntários da Pátria”, na
trágica Guerra do Paraguai. De acordo com Azevedo de Marques, Guaratinguetá
compunha-se em 1876, de uma população de 20.837 almas, sendo 4.352 escravos e
51 eleitores, distribuídos em 359 fogos. No ano fiscal de 1869-1870, as rendas
públicas foram: 12:000$000 a nível Municipal, 6:249$531, Provincial e
24:645$000 a nível Geral. Como afirmamos, o café estimulou o surgimento de
enormes fortunas, além de auferir divisas para o Estado, como podemos observar
na relação fiscal de Azevedo Marques. Algumas fazendas de café em Guaratinguetá
foram: a Fazenda Conceição e a Neuchatel, ambas equipadas com aquedutos;
Fazenda Morro Vermelho, Fazenda Engenho d’ água, Fazenda do Barboza, Fazenda do
Pedrozo, a Cachoeirinha, Tijuco Preto, São José, etc.
Com o advento da República, Guaratinguetá
continua em evidência no cenário político, com a eleição e posse do Conselheiro
do Império, Francisco de Paula Rodrigues Alves como Presidente da República.
Aliás, durante a chamada República Velha (1889-1930), a cidade de Guaratinguetá
presenciou por longo tempo o mandonismo político do clã dos Rodrigues Alves e a
reação de seus opositores, os Camargos, o que convencionou denominar-se
“alvistas” e “camarguistas”, cujas disputas atingiram o ápice durante o
episódio da emancipação do Distrito de Aparecida no final da década de 1920.
Após passar pelas fases da Revolução Constitucionalista e do Estado Novo,
Guaratinguetá entra na era da industrialização e do ensino tecnológico, cuja
principal instituição é a Escola de Especialista de Aeronáutica, a EEAR.
Atualmente, a cidade de Guaratinguetá, busca também no turismo religioso uma
fonte de receitas, principalmente após a canonização em 2007 do Frei Galvão,
nascido na cidade, como mencionado anteriormente, como o primeiro santo
brasileiro. Como integrante do “Roteiro da fé”, ao lado de Aparecida e
Cachoeira Paulista, a cidade oferece inúmeros atrativos, como os museus “Frei
Galvão” e “Histórico e Pedagógico Rodrigues Alves”. Vale a pena visitá-los e
conhecer seus respectivos acervos, para conhecer um pouco mais do Pouso das
Garças Brancas. Até a próxima. Eddy Carlos.
Dicas para consulta.
ARRUDA, José Jobson de Andrade. Documentos manuscritos avulsos da Capitania de São Paulo (1618-1823).
EDUSC / Imprensa Oficial. São Paulo, 2002.
COELHO, Bendito Carlos Marcondes. A História de Guaratinguetá no Período Colonial. HL2 Editora.
Lorena, 2003.
FEDERICI, Hílton. História de Cruzeiro. Volume I, Publicação da Academia Campinense de Letras. Campinas, 1974.
HERRMANN, Lucila. Evolução
da Estrutura Social de Guaratinguetá num Período de Trezentos Anos. USP.
São Paulo, 1986.
MAIA e MAIA, Tom e Thereza Regina de Camargo. Guaratinguetá, ontem e hoje. Noovha
América. São Paulo, 2010.
MARQUES, Manuel Eufrásio de Azevedo. Apontamentos Históricos e Geográficos da Província de São Paulo.
Biblioteca Histórica Paulista. Vol. I. Martins Editora, São Paulo, 1976.
PASIN, José Luiz. Guaratinguetá.
Tempo e Memória. RK editores. São Paulo, 1983.
Email: eddycarlos@ymail.com
Blog: redescobrindoovale.blogspot.com.br
Belíssimo Artigo, caríssimo Professor Edy! Me vi na história...purí de um lado, português do outro. Vou guardar, com a sua licença, este importante documento histórico. Obrigada. Parabéns! Deus abençoe o seu Talento. Abraços
ResponderExcluirMuito obrigado preclara escritora. Temos algo em comum:a descendência tanto dos Puris, outrora senhores do Vale do Paraíba como de portugueses. Meu ancestral lusitano mais antigo é meu trisavo Antônio Ferraz, da Várzea Alegre, Cruzeiro. Abração minha querida.
ExcluirParabéns pelo belo artigo! Fiquei muito feliz por conhecer um pouco mais da história de minha terra querida.
ResponderExcluirObrigado. Nosso Vale é riquíssimo de História e Cultura.
ExcluirParabéns pelo artigo professor.
ResponderExcluirGrato. Disponha.
ExcluirMuito obrigado.
ResponderExcluir